A lenda dos Índios Morcegos




Existe uma lenda antiga, contada pelos apinajés e que até hoje é conhecida: A lenda dos índios morcegos. Quem vive na região próxima da Serra do Roncador afirma que a história é real e que em algum lugar daquelas matas, os índios morcegos ainda voam pelas noites com seus machados nas mãos.


No ano de 2014 foi ao ar aqui no blog Noite Sinistra uma postagem que falava dos "Mistérios da Serra do Roncador", na qual abordávamos estranhos fatos e lendas em torno desse bela região brasileira. Hoje falaremos de uma lenda específica da região Barra do Garças, que fala de um grupo indígena local conhecido como "Índios Morcegos". Convido a todos a conhecerem mais essa matéria da série "Histórias e Lendas Brasileiras".



A lenda contada pelos Apinajés

No sertão de São Vicente, que se estende próximo ao Araguaia, existe a montanha Morcego. Nela há uma grande caverna com uma entrada em baixo, enquanto que bem no alto há um espécie de janela. Ali moravam antigamente os kupe-dyep, seres de forma humana, mas com asas de morcego. Um apinajé flechara um veado perto da rocha do Morcego e acampara ali a noite porque já era tarde. Mas, enquanto ele dormia, os kupe-dyeb vieram voando esmagando seu crânio com seus machados. Como ele já estivesse há muito tempo ausente, seus parentes seguiram as suas pegadas e acharam seu cadáver.


Em torno dele, viram também muitas pegadas, mas nenhum traço da chegada ou partida dos malfeitores. Por causa disso durante muito tempo os apinajés evitaram passar a noite naquela região, até que um dia dois caçadores e um menino decidiram acampar ao pé da rocha do Morcego. Depois do anoitecer, ouviram cantos vindos de dentro da montanha. Então o menino ficou assustado e se escondeu em uma moita longe do acampamento dos dois homens. Logo após, os morcegos vieram voando e mataram os dois caçadores, mas o menino escapou, e na aldeia contou o que ocorrera.



Artesanato da região simbolizando os Índios Morcegos

Então os guerreiros apinajés de todas as quatro aldeias saíram juntos para destruir os kupe-dyep. Quando eles chegaram à rocha do Morcego, imediatamente ocuparam a entrada da caverna, onde amontoaram lenha. Enquanto isso, outros procuravam fazer uma volta para alcançar a janela da caverna. Mas isto era mais difícil do que haviam suposto, e eles ainda não tinham alcançado o seu objetivo, quando aqueles que tomavam conta da entrada puseram fogo à pilha.


Assim os kupe-dyep voaram em atropelo pela abertura superior, sem serem feridos pelas setas dos apinajés. Eles voaram pra o sul, e diz-se que ainda estão vivendo em algum lugar por lá. Quando a fumaça diminuiu, os guerreiros apinajés penetraram na caverna, achando um grande número de machados abandonados pelos kupe-dyeb em sua fuga. Bem no fundo da caverna, escondido por uma pedra, um menino de cerca de seis anos de idade. De início, eles queriam mata-lo, mas um índio decidiu criá-lo e levou-o consigo.


Quando os apinajés em sua viagem fizeram seus leitos de folhas de palmeiras no chão, determinaram também o lugar onde deveria dormir o pequeno kupe-dyeb, mas ele não ficou deitado: chorava e olhava constantemente para o céu. Como não queria deitar-se de modo algum, seu dono teve subitamente uma ideia. Lembrou-se de que na morada dos kupe-dyep não havia camas no chão nem tão pouco postes para dependurar redes, mas havia muitas vigas horizontais.


Trouxe um varapau e o colocou horizontalmente apoiado nas forquilhas de galhos de duas pequenas árvores vizinhas. Logo que o menino viu isso, trepou em uma das árvores de tal modo que se dependurou no vara pau pelos joelhos, a cabeça para baixo. Encolheu a cabeça, cobriu o rosto com os braços cruzados, e então dormiu calmamente nesta posição.


Este menino viveu pouco tempo entre os apinajés, pois morreu logo. Um dia eles o observaram deitado no chão cantando. “U-ua Klunã Klocire! Klud pecetire!” Então, ele agarrou o cangote com as mãos. Quando os apinajés perguntaram-lhe sobre isto, disse que seus companheiros de tribo dançavam daquele modo. Os apinajés ainda cantam a canção do kupe-dyeb.


*Conto narrado entre os Apinajés por Curt Nimuendaju e publicado em seu livro The Apinayé (versão inglesa de Robert H. Lowie, The Catholic University of America Press, Washington, 1939, págs. 179-180).


O assunto segundo o explorador Carl Huni
“Acredita-se que os habitantes das cidades subterrâneas são descendentes dos atlantes, seus construtores, mas não se pode saber com certeza. O nome da cadeia montanhosa onde estão as cidades subterrâneas é Roncador, ao noroeste de Mato Grosso. Quem vá procurar tais cavernas põe a sua vida nas próprias mãos. Quando estive no Brasil, ouvi falar muito delas, mas desisti de pesquisá-las porque ouvi que as entradas dos túneis estavam fortemente guardadas e vigiadas pelos índios morcegos”, dizia em seu livro de viagens o explorador norte-americano Carl Huni.


De acordo com relatos, tais índios teriam pele escura e seriam de pequeno porte, mas com grande força física. “Seu olfato é mais desenvolvido do que o dos melhores cães de caça. Mesmo se eles o aprovarem e lhe deixarem entrar nas cavernas, receio que estará perdido para o mundo presente, porque guardam um segredo muito cuidadosamente e não podem permitir que aqueles que entrem voltem”. Os índios morcegos vivem em cavernas e saem à noite para a floresta circunvizinha, mas não têm contato com os moradores. Habitariam uma cidade subterrânea na qual formam uma comunidade auto-suficiente, com uma população considerável.


“Sei que uma boa parte dos imigrantes que ajudaram na revolta do general Isidoro Dias Lopes, em 1924, desapareceu nestas montanhas e nunca mais foi vista. Foi sob o governo do doutor Bernardes, que bombardeou São Paulo durante quatro semanas. Finalmente fizeram uma trégua de três dias e permitiram que 4.000 praças, principalmente alemães e húngaros, saíssem da cidade. Cerca de 3.000 deles foram para o Acre, no noroeste do Brasil, e cerca de mil desapareceram nas cavernas. Ouvi a história muitas vezes. Se me lembro bem do local onde desapareceram, foi na extremidade sul da Ilha do Bananal, perto das Montanhas do Roncador”, insiste Huni em sua obra.


Uma estranha peça de museu
O Museu de História Natural Wilson Estevanovic surgiu de uma ideia da família Estevanovic há mais de noventa anos. Na época, Wilson, idealizador do museu que leva seu nome, colecionava as primeiras peças do acervo que compõem a mostra permanente dos dias atuais. As dificuldades eram muitas. Por falta de um lugar fixo para expor os objetos, Wilson ia de cidade em cidade apresentando o acervo aos curiosos nos lugares onde ele instalava a mostra itinerante. Os anos passaram e hoje, os problemas ainda são grandes, mas graças à luta da família, o museu conta com uma sede própria.


No museu de História Natural Wilson Estevanovic pode-se observar uma peça que chama a atenção do público: uma criatura que não é morcego, tem parte humana com características de macaco, asas separadas do braços, garras nos pés e nas mãos, e uma estatura de 35 cm. Para os ufólogos, a criatura pode ter uma ligação com a lenda indígena dos índios morcegos.







Um povo extraterrestre?

A descrição dos índios morcegos lembra muito a aparição de homens-alados, registrados nos anais da Ufologia mundial, como no sul do Brasil, nos anos 60, e nos céus da cidade espanhola de Barcelona, nos anos 90. Estariam associados aos humanóides, ocupantes dos UFOs? Seriam eles os responsáveis pelas abduções de mais de mil pessoas? Uma dessas grutas habitadas pelos índios morcegos ficaria perto do Rio das Mortes, entre os paralelos 14 e 15, e está indicada no livro de Leo Doctlan Minha Vida com uma Vestal [Editora Sananda, 1997], como a entrada para a cidade subterrânea, para onde uma adolescente – a atual esposa de Luvison – foi levada. Depois de submetida a um processo de alteração molecular e de registros mentais, que se chama abdução, foi revelado a ela que sua missão terminaria com a formação de sete discípulos e que, após isso, poderia voltar e viver junto com eles.




Revista “SINA”, edição de novembro de 2007, nº 10, de múmias de “índios morcegos” que guardavam a entrada da caverna da Serra do Roncador