Os campos de concentração no Ceara

 

Se voce ouvir campos de concentração vai logo vir a sua cabeça  Auschwitz , 2° guerra , nazismo , judeus .....

Mas nunca ira pensar que existiram campos de concentração aqui no Brasil , mais precisamente no nordeste, mas ao invés de soldados alemães temos soldados brasileiros , e a burguesia, e no lugar de judeus , tinhamos fragelados das enormes secas que castigavam o nordeste no final do seculo 19 e começo do seculo 20 , e não errado falar que castiga até hoje.

Confira aqui no blog O Mundo Real esse post que tras um pouco do "nosso passado de absurdo gloriosos ", em adaptação da materia do site  http://plus.diariodonordeste.com.br


Foto do Relatório da Comissão Médica de 1932 - Visitados todos os Campos de Concentração da Seca de 32
CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO PATU - SENADOR POMPEU - CEARÁ

Os campos de concentração parecem uma realidade distante do que vivemos atualmente. No entanto, há mais de 80 anos, a situação aconteceu em solo cearense. Apesar de o nome remeter aos campos nazistas na Alemanha, de acordo com o livro "Isolamento e poder: Fortaleza e os campos de concentração na Seca de 1932", da autora Kênia Rios, o que aconteceu no nosso Estado foi consequência da seca que assolava o Ceará desde 1930 e antecedeu os alemães.

Foto de uma das vítimas da Grande Seca, Ceará, 1878. Foto de Joaquim Antônio Correia, “Vítimas da Grande Seca”, Albúmen, Carte de Visite, 9 X 5,6 cm, Ceará, CA. 1878. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil.





Em 1932, a situação piorou e os retirantes chegavam a Fortaleza na esperança de encontrar uma solução para escapar da falta de chuva no sertão. Os jornais da época chamavam a atenção para o clima alarmante com o desembarque dos flagelados. Era comum, na época, ainda segundo o livro de Kênia, notícias que relatavam o comportamento dos retirantes, como invasões a trens e indícios de revoltas. Criou-se com isso a imagem de homens e mulheres que poderiam se tornar ameaçadores. Entre as classes dominantes de Fortaleza, surgiu o hábito de temer o grupo de pessoas.



"As famílias ficavam espalhadas pelas cidades do Interior, mas a partir de 1930 o rumo certo era Fortaleza. As elites, então, começavam a conclamar na imprensa, tanto em Fortaleza, como em Sobral e no Cariri, para a formação desses campos de concentração. E as providências foram tomadas na construção desses espaços", relata Kênia, em entrevista ao Diário Plus.


Mapa da cidade de Fortaleza no ano de 1932 indicando a localização das concentrações de Matadouro e Urubu Foto: Livro Isolamento e poder Fortaleza e os campos de concentração na Seca de 1932

A historiadora e professora do departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC) conta que a construção dos locais se insere na política de obras contra a seca. "A proposta do projeto era de salvar os flagelados, oferecer comida e assistência médica. O problema é que no Brasil nada acontece como está no papel. O que ocorreu foi que essas pessoas ficaram amontoadas".

Vítimas da seca. Crianças e adultos jazem ao lado da linha férrea que levava para o Campo de concentração de Senador Pompeu. De forma assustadoramente parecida, as cenas brasileiras dos currais humanos lembravam bastante os campos de concentração nazistas



Kênia explica que foram construídos, ao todo, sete campos de concentração no Ceará, distribuídos em lugares estratégicos para garantir o encurralamento de um maior número de retirantes, sendo dois em Fortaleza e os outros em Ipu, Quixeramobim, Senador Pompeu, São Mateus e Crato. De acordo com estatísticas oficiais, pouco mais de um mês após a abertura dos campos, os espaços somavam 73.918 aprisionados. "Eles ficavam próximos a vias férreas, porque os sertanejos se deslocavam de trem. Quando eles desciam, eram encaminhados para os campos. Lá era um confinamento, eles eram vigiados e não podiam sair sem autorização. Os que saíam, eram considerados fugitivos e a ocorrência era registrada na delegacia. Havia um grande número de pessoas confinadas em um espaço para duas mil, e aí aconteceu o inevitável. Muitas doenças, epidemias e o número de mortes diárias era grande. A alimentação, além de ser escassa, era ruim".



A professora relata em seu livro que entre abril de 1932 e março de 1933 foram registrados mais de 1.000 mortos somente no Campo de Concentração de Ipu. Ela ainda relata que era possível perceber distinções na estrutura arquitetônica dos campos. Alguns eram cercados de forma circular e outros recebiam uma conformação mais quadrangular, entretanto, havia uma estrutura básica presente em todos: posto médico, cozinha, barbearia e casebres separados por família.



O professor e doutorando em História pela Universidade Regional do Cariri (URCA) e Universidade Federal Fluminense (UFF), Airton de Farias, cita mais detalhes: "Os homens tinham os cabelos raspados a zero. Os campos ainda tinham banheiros, capela e casebres divididos em pavilhões para homens solteiros, viúvas e famílias. Havia uma espécie de cadeia para os retirantes desordeiros e oficinas (de olaria, carpintaria, alfaiataria etc.) para não deixar os concentrados inativos, o que era, aliás, uma preocupação das autoridades".



"Vários dos retirantes eram 'recrutados' dos campos também para as obras de emergência do governo e até para lutar na revolução paulista de 1932. Atraídos pelas promessas de trabalho, alimentação e assistência médica, os sertanejos eram privados de sua liberdade, não podendo sair sem autorização dos inspetores dos campos. Guardas constantemente vigiavam os movimentos dos concentrados para evitar fugas. Esses campos de concentração eram chamados pela população de 'currais do governo'. Houve casos de revolta dos retirantes contra aquele controle sufocante e a administração dos campos", explica ainda Airton.

Vítimas das secas de 1877/1878, no Ceará - Brasil. Foto: autor desconhecido, Biblioteca Nacional.
Vítimas das secas de 1877/1878, no Ceará – Brasil. Foto: autor desconhecido, Biblioteca Nacional



"Junto com os retirantes, as epidemias 'encontraram' condições favoráveis para se alastrarem, devido ao ajuntamento de pessoas, falta de higiene, saúde debilitada. A mais grave dizimou em Fortaleza em um único dia, 10 de dezembro de 1878, 1004 pessoas. Foi para evitar a repetição desses eventos que os campos de concentração foram pensados. O lugar seria um lugar que sertanejos receberiam apoio governamental, mas a realidade foi bem diferente", acrescenta a pesquisadora e blogueira Fátima Garcia.

Foto do Relatório da Comissão Médica de 1932 - Visitados todos os Campos de Concentração da Seca de 32
CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO PIRAMBU - FORTALEZA - CEARÁ 

Airton de Farias frisa que no imaginário das pessoas de hoje os campos de concentração ficaram associados à Alemanha, por isso é importante que tenham acesso à história do Brasil. "Os que haviam no Ceará eram diferentes, tinham outros sentidos e objetivos. Campos de concentração, como o nome sugere, são onde ficam pessoas concentradas, confinadas, em virtude de surtos de doenças, guerras, secas, etc. Vale lembrar que a criação dos campos contou com grande apoio da sociedade, como se pode perceber nos artigos elogiosos dos jornais da época, afinal, os flagelados estariam isolados e bem assistidos, o que na verdade não aconteceu. Historicamente, no nosso Estado, secas são momentos de tensão social, em que a ordem estabelecida corre riscos ante a fome e desespero das pessoas".

"A ideia de confinar, controlar e vigiar pessoas em locais 'apropriados' já tinha acontecido na seca de 1877, com os abarracamentos em torno de Fortaleza. Na seca de 1915 houve o primeiro campo de concentração na região do Alagadiço, atual São Gerardo".

Registro fotográfico dos flagelados da seca de 1877 na estação ferroviária de Iguatu à espera de trem para Fortaleza. Na seca de 1877, Fortaleza chegou a receber retirantes que representavam mais do triplo de sua população. Fonte: "Isolamento e poder: Fortaleza e os campos de concentração na Seca de 1932"

 pesquisadora também reforça que, assim como os campos de concentração, outros pontos da história do nosso Estado são desconhecidos pelo povo. "Nossa história não é contada nos livros didáticos nem ensinada nas escolas. Pessoalmente acredito que o assunto é relevante em primeiro lugar porque revela um aspecto pitoresco que foi vivenciado por uma parcela de nossos antepassados; e depois porque mostra que o fenômeno da seca no Nordeste, apesar de secular, nunca é tratado de forma efetiva, sempre é uma solução pontual, visando aquele período, aquele grupo de flagelados. Acredito ainda, que não haja empenho das chamadas Secretarias de Cultura ou de Patrimônio ou similares, em preservar essas histórias, o que existe é um esforço para que sejam esquecidas, como se o passado os envergonhasse".

Notícia sobre o Campo de Concentração dos Flagelados, publicada no Jornal O POVO, em 16/04/1932.



COMO TERMINOU


No ano seguinte, com as primeiras chuvas de 1933, a imprensa efetivou uma forte campanha para o fim dos campos de concentrações. "As poucas chuvas que começaram a cair no sertão já forneciam uma certa segurança para os fechamentos das concentrações. Pensava-se que a cidade não corria mais o risco de invasão", conta Kênia em seu livro.

"Os campos duraram exatamente um ano, feitos em março de 1932 e desfeitos entre março e abril de 1933 porque começou a chover, então o governo distribuiu passagens e sementes para os concentrados retornarem aos seus lugares de origem. Nas concentrações de Fortaleza (nos bairros Otávio Bonfim e Arraial Moura Brasil), os campos deram origem ao surgimento de favelas, como é o caso do Pirambu".

"Havia muita rotatividade nos campos de concentrações, quando estavam muito cheios as pessoas eram encaminhadas para outros. Somente no Crato, chegou a passar durante o ano 65 mil pessoas", complementa a professora.

TOMBAMENTO


No último dia 17 de abril, com o objetivo de proteger o patrimônio histórico-cultural de Senador Pompeu, cidade distante 273 quilômetros de Fortaleza, o Ministério Público do Estado do Ceará (MP/CE) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Prefeitura do município para promover o tombamento de diversos pontos históricos da região.

Na lista de locais citados no acordo estão o sítio arquitetônico da “barragem do Patu”, a “Vila dos Ingleses”, o “cemitério” e o “campo de concentração do Patu”, além do registro do bem imaterial da “Caminhada das Almas”.

Cemitério do campo de concentração em Senador Pompeu 

No último dia 17 de abril, com o objetivo de proteger o patrimônio histórico-cultural de Senador Pompeu, cidade distante 273 quilômetros de Fortaleza, o Ministério Público do Estado do Ceará (MP/CE) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Prefeitura do município para promover o tombamento de diversos pontos históricos da região.

Na lista de locais citados no acordo estão o sítio arquitetônico da “barragem do Patu”, a “Vila dos Ingleses”, o “cemitério” e o “campo de concentração do Patu”, além do registro do bem imaterial da “Caminhada das Almas”.

A "Caminhada das Almas", em Senador Pompeu, leva milhares de pessoas todos os anos em peregrinação para homenagear os mortos do campo de concentração

Segundo o promotor de Justiça do Juizado Especial de Senador Pompeu, Geraldo Nunes Laprovitera Teixeira, um inquérito civil público e um relatório técnico foram realizados pelo MP/CE e concluíram que o tombamento do campo de concentração é benefício para a defesa da cultura e história cearense por apresentar “inegável valor histórico-cultural”. O município assinou o TAC e, em caso de descumprimento, será aplicada multa de R$ 5 mil por mês.

Fátima Garcia explica que Senador Pompeu teve uma estrutura que resistiu ao tempo porque utilizou uma área construída pelos ingleses. "Havia um casarão construído no final dos anos 1910, conhecida por Vila dos Ingleses. Os estrangeiros estiveram na região para construção de uma barragem, do Açude Patu, que não chegou a ser concluída por falta de verbas. O casarão servia de residência aos estrangeiros e foi encampado pelo governo".



Corpo Seco - Adaptando monstros do Folclore brasileiro aos Mythos de Cthulhu



A crença popular diz que não há há pecado que não possa ser perdoado. Mas o que acontece quando o indivíduo é tomado por tamanha obstinação e teimosia que não deseja perdão e não enxerga suas faltas como pecados mortais.

Segundo o mesmo conjunto de crenças enraizadas no imaginário popular, uma pessoa que comete pecados horríveis em vida e que morre sem deles se arrepender pode ser amaldiçoada pela eternidade. Surge assim uma coisa que não está morta, mas que também não está inteiramente viva, uma entidade de maldade total que se arrasta pelos cantos escuros, charcos alagados e bosques fechados em busca de vítimas para aplacar suas vontades profanas. Eles são chamados de Corpo Seco, pois o nome se encaixa perfeitamente na forma amoral que esses mortos vivos assumem.

São criaturas movidas por fortes emoções conservados após a morte. O ódio é o sentimento predominante que alimenta essas criaturas detestáveis; ele queima como uma fogueira voraz consumindo suas almas atormentadas. O Corpo Seco é sempre rancoroso, furioso e violento em suas interações com os vivos. Por esse motivo, não é possível barganhar ou negociar com eles - tudo o que querem, tudo o que desejam, é sufocar os vivos.

A lenda é conhecida nos estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e no nordeste do Brasil, mas com algumas diferenças. Há lugares em que a transgressão cometida pelo Corpo Seco está ligada a um pecado de natureza religiosa, como por exemplo não honrar uma promessa feita a um Santo de devoção. Em outros casos, o candidato a Corpo Seco assume essa condição após trair amigos, a esposa ou os próprios filhos, abandonando-os ou deixando-os propositalmente em más condições. Aquele que abandona uma criança para morrer de fome ou que ignora as privações de sua esposa pode voltar como tal monstruosidade.


Seja lá qual motivo enseja a criação do Corpo Seco, ele continua nutrindo seu rancor ao longo de sua existência nefasta. Isso acontece por que o Corpo Seco tem a si mesmo como um injustiçado: ele não acha que é merecedor de sua punição e como resposta a essa "injustiça" ataca quem estiver ao seu alcance, como se estes, e não ele próprio, fossem os catalizadores de sua tragédia.

Diz ainda a lenda, muito difundida pelo interior do Brasil que o Corpo Seco não é aceito nem por Deus e nem pelo Diabo. Incapaz de ascender ao Paraíso e negado de descer às profundezas do Inferno ele permanece na Terra. Um ser maldito por definição, nem mesmo o próprio solo que recebe os vermes deseja servir de leito para o Corpo Seco. A terra o expele como se sentisse nojo de seu toque abjeto. Como resultado, o Corpo Seco não encontra descanso e meramente vaga sem destino por onde seus passos vacilantes o carregarem.

Ele é ativo somente à noite, visto que aproveita a escuridão para ocultar sua presença. Raramente é visto em cidades ou vilarejos uma vez que a sua aparência é impossível de ser disfarçada. Durante as horas do dia, busca guarita em poços, nas ruínas de casebres ou sob uma árvore onde fica caído como se fosse um cadáver. Esse aliás é um dos seus truques, fingir ser um cadáver abandonado para que alguém se aproxime o suficiente e permita que ele agarre o incauto. O Corpo Seco é matreiro e pode se valer dessa estratégia usando um anel, um colar ou qualquer objeto de valor para atrair uma vítima para perto. O Corpo Seco pode permanecer imóvel por dias esperando que alguém passe pelo local onde ele escolhe se deitar. Ele é extremamente paciente e nada lhe trás mais prazer do que imaginar alguém caindo em sua armadilha.


O Corpo Seco não busca por uma vítima específica visto que odeia qualquer pessoa ou ser vivo. Geralmente são incapazes de falar, mas há indivíduos que conseguem repetir uma única palavra ou sentença com uma voz vazia e sepulcral. O Corpo Seco não se alimenta de suas vítimas, seu ímpeto por matar é um ato de egoísmo perverso. Depois de assassinar alguém ele simplesmente segue adiante, sem qualquer satisfação ou compleição.

Essa é uma monstruosidade do além-vida e como tal encarna as características típicas dos Mortos-Vivos. Ele não se difere de um cadáver estropiado, com a pele e músculos esticados sobre os ossos amarelados. Ao se mover, as juntas estalam e rangem e ele dá passos vacilantes como se lhe faltasse convicção. Não há qualquer resquício de sangue em seu corpo, as veias estão secas e mesmo ferido, nada irá verter do cadáver esturricado. Há um estranho brilho nas órbitas vazias onde estiveram seus olhos, um brilho de pura maldade. Ao contrário da crendice, eles não são putrefatos e não emitem o fedor característico da campa sepulcral. Tampouco atraem nuvens de insetos. Ao longo de sua existência deplorável o Corpo Seco vai perdendo as roupas até que restem apenas alguns trapos. Cabelos e unhas, no entanto, continuam crescendo e se tornam compridos, bem como os dentes que se arreganham num esgar medonho à medida que os lábios rescendem.

O Corpo Seco se vale de furtividade e surpresa para atacar. Enquanto espera por uma vítima, por vezes ao longo de dias, ele planeja como irá perseguir um alvo que por ventura escapa de sua investida inicial. Não sendo especialmente ágil ou rápido, o monstro tenta aterrorizar a vítima fazendo com que ela seja incapaz de fugir. O cadáver ambulante usa então suas garras afiadas ou as presas para matar, rasgando a garganta da vítimas. Em alguns lugares ele é chamado de "Unhudo" por conta das garras que crescem sem parar.

Destruir um Corpo Seco não é tarefa simples, visto que são resistentes a armas comuns e não registram ferimentos. Um bala disparada simplesmente os atravessa e uma facada abre um buraco em sua pele sem grandes resultados. O fogo é obviamente a arma mais eficiente contra essas abominações que gritam em desespero enquanto as chamas os consomem.


Como um Monstro do Mythos:

É possível que o Corpo Seco seja o resultado de algum experimento místico horrivelmente mau sucedido.

Essas criaturas são malditas e portanto podem ter sido criadas deliberadamente através de poderosos feitiços (similares aos que criam zumbis). Também existe a possibilidade de que os Corpos Secos sejam o resultado de um feitiço de Ressurreição executado com alguma falha. O Necronomicon, contém o perigoso feitiço que devolve a vida aos mortos e que permite aos esquecidos caminhar novamente como se vivos estivessem. Contudo o tomo maligno alerta que para resultados satisfatórios as proporções dos assim chamados Sais Primordiais sejam respeitadas. Qualquer erro nessa dosagem, seja na mistura dos ingredientes ou no preparo dos elementos alquímicos pode resultar em um espécime imperfeito. É de se imaginar que os Corpos Secos possam ser exatamente esse resultado falho.

Outra hipótese é que o Corpo Seco seja um tipo de Morto-Vivo criado pelo exaurimento da energia vital de uma pessoa por alguma entidade do Mythos. Não são poucas as abominações do Mythos que se alimentam de seres vivos e que deles tiram sustento. Atlach-NachaTsathogua Glaaki são Grandes Antigos que se alimentam da energia de seres humanos. Uma vez sofrendo esse tipo de obliteração, quem sabe o tipo de energia malévola que permeia os restos e que pode animá-los uma vez mais.

Finalmente, o nauseante Culto de Mordiggian, uma divindade pálida ligada a Morte, possui sanções que recaem sobre seguidores que falham em seus deveres ou renegam seu patrono. A escravidão como morto-vivo é uma das punições mais temidas entre os devotos. É possível que a lenda do indivíduo que falha em cumprir suas promessas tenha sido adaptada à partir de algum cultista que não foi capaz de cumprir seus votos sagrados para com essa entidade.

Fonte:mundo tentacular

Abdução Alienígena - Aterrorizantes casos de sequestros por extraterrestres no Brasil

 


O fenômeno de abdução alienígena é uma parte muito particular da ufologia. Existem inúmeros relatos ao redor do mundo sobre indivíduos sendo capturados, transportados e submetidos aos caprichos de entidades além da nossa compreensão. Muitos destes encontros são bastante estranhos e bizarramente detalhados. No Brasil temos uma seleção de incidentes envolvendo abduções realizadas por criaturas não-humanas.

Em uma noite de junho de 1967, cinco homens saíram para pescar em um lago isolado na região de Morro Branco no interior do Ceará. A noite começou bastante pacífica, mas a certa altura o silêncio noturno foi interrompido por um zumbido que se tornou tão intenso a ponto de causar incômodo. O som por vezes cessava, mas sempre recomeçava minutos depois. O grupo voltou para a margem e lá descobriu que o ruído era proveniente de uma colina próxima. A seguir, viram vários feixes de luz brilhando por trás da colina como se fossem holofotes. Aquilo era muito estranho e o grupo decidiu arrumar suas coisas e ir embora, mas então a situação começou a ficar ainda mais esquisita.

Um dos amigos parou de repente, sacou um revólver que havia trazido, apontou para os outros e ordenou que subissem o morro de onde vinham aqueles misteriosos ruídos e luzes. A princípio todos pensaram que ele estava apenas brincando, mas o sujeito disparou um tiro de advertência para o ar e disse-lhes que falava muito sério. Disse ainda que mataria qualquer um que não o obedecesse. A essa altura, perceberam que o homem com a arma estava em uma espécie de transe - como se fosse controlado. A situação era surreal e assustadora a ponto deles não terem outra opção senão obedecer. 

Enquanto escalavam a colina, o homem com a arma parava esporadicamente para gritar para um grupo invisível que eles estavam a caminho. Ao chegarem ao topo da colina, o grupo avistou a fonte daquele estranho zumbido. A pesquisadora de OVNIs Irene Granchi que recolheu o testemunho em seu livro "Abduções Alienígenas no Brasil" relatou o acontecimento da seguinte forma:


"Ao chegar ao topo da colina, o grupo se deparou com enorme objeto que pairava a cerca de dez metros acima do solo. Era redondo, fosforescente, num tom de verde e tinha aletas saindo de cada lado. Media aproximadamente 5 metros de altura. No alto, via-se uma escotilha quadrada de onde surgiram luzes multicoloridas. A luz que ele emitia era tão forte que quase os cegava. Havia uma espécie de cilindro com cerca de um metro e meio de largura pendendo da base do objeto, indo até o chão. Todos ficaram apavorados com a estranha visão, mas não conseguiram reagir.

De repente a visão ficou desfocada e todos perderam a consciência, acordando deitados em mesas acolchoadas. Os homens estavam todos deitados nessas camas sem entender como haviam chegado ali. Ouviu-se uma voz, que aparentemente vinha de uma lâmpada no teto, que tilintava e ecoava dentro da cabeça de cada um deles. Essa voz misteriosa disse a eles para ficarem calmos e não terem medo, o que estranhamente ajudou a suportar o terror que sentiam. Olhando ao redor, eles viram que a sala era desprovida de janelas ou portas, completamente branca, e com paredes lisas que emanavam uma luz suave. Numa parede havia um "painel cheio de pequenas linhas cruzadas em posição paralela ou oblíqua". Quando os homens pediram às entidades invisíveis que se mostrassem, a voz recusou, afirmando que eles eram muito diferentes dos humanos e que a revelação poderia ser chocante. 

A voz também explicou que haviam seis deles naquele lugar, que estes eram exploradores vindos de um lugar muito distante e que haviam controlado um deles usando "ondas mentais". A voz advertiu para que eles não reagissem e assegurou que todos seriam libertados. Depois disso, eles não lembram o que aconteceu, simplesmente acordaram na mesma colina onde haviam sido capturados na manhã seguinte. Oito horas haviam se passado sem que eles lembrassem. Alguns objetos pessoais haviam desaparecido, incluindo a arma com a qual seu amigo os havia ameaçado, mas eles não estavam feridos.

Nos meses seguintes, os amigos começaram a recordar alguns detalhes de sua experiência, entre eles situações estranhas em que sangue, amostras de pele e cabelo foram coletadas. Nenhum deles apresentou qualquer ferimento físico, mas as lembranças fragmentadas do ocorrido causaram na maioria um trauma difícil de ser superado.


Outro curioso caso de abdução ocorreu na tarde de 4 de maio de 1969, quando um policial militar de 24 anos chamado José Antonio da Silva estava passando de carro por uma área rural próxima do município de Bebedouro, Minas Gerais. Ele percebeu um súbito clarão vindo da mata e foi verificar acreditando se tratar de um carro acidentado. Deparou-se com um objeto voador que pairava numa clareira a pouco mais de 3 metros de altura. Ainda assustado por essa visão ele tentou voltar para seu veículo quando sentiu uma forte tontura que o fez cambalear e cair. Lutando para se manter consciente ele viu duas figuras do tamanho de crianças se aproximando. Elas estavam vestidas com trajes brilhantes e usavam capacetes.

Silva não lembra exatamente o que aconteceu em seguida, recordando-se apenas de ter acordado no interior de uma sala imaculadamente branca. Ele estava preso a uma espécie de maca mantida na posição vertical. Sentia-se muito fraco, como se tivesse sido de alguma forma drenado de suas energias. Os dois seres tiraram seus capacetes revelando rostos afilados com enormes olhos pretos sem pálpebras. Não possuíam cabelos, nariz ou orelhas, enquanto a boca era pouco mais que um traço. Naquele lugar eles não vestiam roupas e seus corpos eram frágeis e esguios, com uma coloração branca acinzentada.

Esses estranhos tagarelavam entre si em uma língua sussurrante e não pareciam compreender as palavras de José Antônio que protestava e exigia ser libertado. A seguir, outro ser, dessa vez uma versão mais alta da mesma raça, surgiu. Este era aparentemente o líder deles, e usava gestos para se comunicar. Silva foi alimentado com um líquido espesso que ajudou a revigora-lo. Após esse primeiro contato, as criaturas o mantiveram lá por mais algum tempo, período em que ele lembrava acordar e dormir novamente sem conseguir saber ao certo quanto tempo se passava.


O soldado acordou em um campo a cerca de 320 quilômetros de onde foi abduzido. Ao ser encontrado estava confuso, tendo sido levado para uma delegacia como indigente pois não era capaz de lembrar sequer do próprio nome. Ele logo descobriria que haviam se passado cinco dias, embora parecesse ter transcorrido algumas poucas horas. Nesse período seus parentes e amigos o procuraram incessantemente sem sinal de seu paradeiro. Exames médicos posteriores demonstraram José havia sofrido algum tipo de envenenamento. Um exame mais criterioso revelou que seu apêndice havia sido removido, ainda que ele não tivesse marcas de cirurgia. Ufólogos acreditam que os alienígenas trataram do rapaz após ele ter sido exposto a uma dose de radiação ao se aproximar da nave.
   
O caso seguinte ocorreu em 23 de junho de 1976 envolvendo Paulo Ricardo Coutinho, de 18 anos, de Aricanduva, interior do estado de São Paulo. Ele saiu para ir a uma aula noturna, mas não retornou para casa. Uma busca policial foi iniciada, mas as autoridades só conseguiram encontrar seus livros e papéis escolares largados numa trilha que ele costumava atravessar. Três dias se passaram e a família ficava cada vez mais preocupada com seu desaparecimento. 

Uma pessoa então telefonou para os pais de Paulo dizendo ter encontrado o rapaz em uma parada de caminhões a 180 quilômetros do local onde seus livros foram achados. Paulo estava confuso no que parecia ser uma espécie de transe atordoado. Ao ser trazido de volta para casa ele começou a recuperar a lucidez e pode contar o que havia acontecido.

Paulo explicou que no dia em que desapareceu, ouviu um assobio estranho enquanto voltava para casa da aula. Quando olhou para cima, viu uma luz se movendo no céu, após o que, se descobriu paralisado, incapaz de reagir. A luz então se intensificou e ele percebeu que se tratava de um objeto arredondado que emitia um zumbido contínuo e piscava intermitentemente em azul, amarelo e vermelho. O estudante sentiu o corpo ficar leve e em seguida flutuou no ar na direção de uma comporta aberta na parte de baixo do objeto.


Após perder a consciência ele acordou em uma sala com um forte brilho azulado deitado numa mesa de metal polido. Ele lembra de sentir o corpo inteiro formigando e os pelos se arrepiando, como se houvesse uma corrente elétrica, mas ainda era incapaz de se mover. Contudo, o pior ainda estava por vir, pois uma dupla de criaturas estranhas de baixa estatura, compleição frágil e pele castanha se aproximaram e começaram um exame extremamente invasivo e doloroso. Paulo se recordava do horror que sentiu a medida que os seres usaram estranhas ferramentas cirúrgicas para perfurar, cortar e recolher amostras de seu corpo. Paulo disse ter perdido a consciência várias vezes, mas as memórias daquela tortura começaram a retornar nos dias seguintes na forma de pesadelos que o deixavam paralisado.

Um exame físico realizado posteriormente revelou que ele tinha estranhas cicatrizes no corpo, havia perdido dois dentes que aparentemente foram extraídos e duas unhas. Segundo ele, o material foi colhido pelas criaturas junto com sangue e sêmen. As criaturas não falaram com ele em momento algum e não prestaram qualquer explicação do que estava acontecendo. Após perder a consciência ele acordou em um descampado, com frio, exausto e confuso.

Passando para mais um caso bizarro, temos um relato colhido em 15 de setembro de 1977, na cidade do Rio de Janeiro. Um motorista de caminhão chamado Antônio Marcio Rubio estava voltando para casa quando avistou um objeto bastante estranho em forma de disco pousado em um descampado. A coisa media pelo menos 20 metros de comprimento e emitia uma luz pulsante alaranjada. Antonio achou que se tratava de um veículo que havia se acidentado e parou para olhar de perto. Ele desceu do veículo e se aproximou cautelosamente tentando encontrar uma porta no veículo. Quando tocou a superfície metálica do objeto recebeu uma descarga elétrica que atravessou seu corpo fazendo com que ele perdesse a consciência.

Rubio acordou em uma sala branca imaculada, preso a um estranho aparato de metal que emitia um som de estática. Estava nu, imobilizado e sentindo seu corpo inteiro tremendo de frio. Quatro seres de aparência estranha, com baixa estatura, olhos grandes e escuros e braços muito finos se aproximaram para examiná-lo. O motorista disse que as criaturas projetavam palavras em sua mente, como por telepatia, e que tentavam acalmá-lo dizendo que ele não seria ferido. Os seres realizaram uma série de exames físicos e fizeram várias perguntas. Ele disse que perdeu os sentidos várias vezes após receber choques elétricos que o faziam tremer e saltar na maca.


O motorista reapareceu dois dias depois próximo da fronteira com o Espírito Santo, cerca de 220 quilômetros de onde seu caminhão foi achado abandonado na beira da estrada. Ele tinha queimaduras na mão condizente com um forte choque elétrico, além disso, as unhas dessa mão caíram e nunca voltaram a crescer. Ele começou a lembrar gradualmente de sua experiência traumática e foi entrevistado várias vezes sempre repetindo a mesma história. Paulo aceitou passar por sessões de regressão e hipnose nas quais relatou sempre a mesma história, demonstrando uma reação emocional equivalente a stress pós-traumático que precisou de tratamento psicológico.

Por fim, temos o estranho caso de Luis Carlos Serra, de 16 anos, da cidade de Penalva, no estado do Maranhão. Em 24 de março de 1978, Luis estava voltando para casa depois de um jogo de futebol quando ouviu um som alto e viu uma luz brilhante acima das árvores. Antes que pudesse entender o que havia visto, algo o paralisou como um raio fulminante. Ele então começou a subir no ar em direção a um objeto redondo abobadado pairando sobre as árvores. Dois de seus colegas que vinham mais atrás chegaram a testemunhar a impressionante cena e correram para buscar ajuda. Quando retornaram cerca de 20 minutos depois, o veículo havia desparecido junto com seu colega.

Luis se recorda de ter sido recebido por três homens calvos com pele muito pálida e olhos azuis. Eles vestiam roupas estranhas parecidas com macacões prateados de astronauta e falavam um idioma que ele era incapaz de compreender. Em seguida o conduziram até uma outra sala com estranhos aparelhos que piscavam e zumbiam. O ataram numa cama e tentaram forçá-lo a beber uma mistura amarga que ele se negou a engolir. Irritados os seres enfiaram uma espécie de mangueira em sua garganta e o obrigaram a beber a substância que o fez perder a consciência. 

Três dias depois, alguns pescadores o encontraram desmaiado na beira de um rio e o levaram a um hospital. Os médicos que o examinaram disseram que ele permaneceu catatônico com os membros rígidos a ponto de não poderem ser flexionados. Verificou-se também que sua cabeça havia sido raspada e que o cabelo parecia ter sido queimado. Encontraram ainda marcas arroxeadas no tórax que não pareciam ter sido produzidas por qualquer instrumento médico conhecido. Quatro de seus molares haviam sido removidos e ainda sangravam. Durante todo o exame, Luis permaneceu catatônico, e os médicos não conseguiram descobrir o que havia de errado com ele. 


Apenas uma semana depois, quando recuperou os sentidos e lucidez, Luis foi capaz de relatar sua história profundamente estranha. Os amigos que haviam testemunhado a abdução prestaram depoimento e descreveram em detalhes o veículo que levou Luis, descrição idêntica a que ele forneceu posteriormente. O caso atraiu a atenção do jornalista e ufólogo norte-americano Bob Pratt, que descreveu a abdução do jovem como uma das mais detalhadas investigadas por ele. Pratt chegou a entrevistar pelo menos 20 pessoas em Penalva que afirmaram ter visto o estranho objeto deixando uma trilha de fogo no céu naquele mesmo dia. O caso recebeu grande destaque na comunidade ufológica internacional e é uma das abduções mais estudadas do período. 

Casos de abdução e relatos sobre experimentos sofridos por humanos nas mãos de seres estranhos são uma parte importante da ufologia. Especialistas acreditam que seres extraterrestres costumam viajar para a Terra e coletar espécimes nativos para a realização de análises e experimentos. Não parece haver um critério para a escolha das pessoas abduzidas, o que leva a crer que estas são capturadas ao acaso, geralmente em um local ermo e deserto. As descrições quase sempre mencionam salas "iluminadas", "brancas imaculadas" ou "muito claras", onde os experimentos tem lugar. Os seres envolvidos também são frequentemente descritos como curiosos e com uma conduta que lembra a de cientistas ou médicos. Os instrumentos médicos/cirúrgicos usados variam muito, mas um ponto em comum é a noção de que amostras são colhidas para análises.

Com todos esses relatos, só nos resta imaginar o que poderia estar acontecendo. Estaríamos sendo capturados por seres alienígenas que nos analisam como animais para algum tipo de experimento ou teste? E se a resposta for sim, quais os objetivos destes testes misteriosos? Haveria conhecimento ou ajuda do governo? Existiria algum consentimento ou acobertamento de tais atividades?

Enquanto a resposta não surge, tudo o que podemos fazer é observar os céus com preocupação.

Fonte:mundotentacular

Prisioneiros das Algas - Os Mistérios do lendário Mar de Sargaços



O Mar de Sargaços é uma estranha e única criação da natureza. Por muitos anos esse lugar inóspito tem assustado e fascinado as pessoas. Ele é composto por uma vastidão marítima medindo aproximadamente 1130 quilômetros de largura por 3200 quilômetros de comprimento, localizado no Atlântico Norte, próximo do Mar do Caribe. O mar não possui nenhum litoral expressivo mas é limitado por correntes marinhas em todos os seus lados. A Ilha de Bermuda fica em sua fronteira ocidental e constitui sua única massa expressiva de terra.

Com diferentes correntes submarinas, esta área se diferencia das correntes frias que predominam no Atlântico Norte, possuindo trechos quentes e estáveis. Além disso, a área é submetida a temperaturas atmosféricas elevadas, longos períodos de sol e ventos amenos. Essas condições específicas fazem com que o trecho seja único por uma característica notável: a enorme concentração de algas marinhas. A vegetação forma um espesso tapete na superfície e recobre tudo. Esta vegetação de coloração castanha-esverdeada é conhecida como Sargassum e é ela que dá nome ao mar.

Embora o Mar de Sargaços seja incrivelmente calmo, um giro subtropical, uma espécie de sistema de rotação de correntezas se forma abaixo dele. Como resultado o mar inteiro formado pelo tapete de algas realiza um movimento contínuo de rotação em sentido horário. Entretanto, ele é tão lento que parece estático visto da superfície. 

O primeiro navegador a  registrar a existência do Mar dos Sargaços provavelmente foi Cristóvão Colombo em 1492, em sua viagem que resultou na descoberta do Novo Mundo. Ele anotou em seus diários a dificuldade de atravessar a área mergulhada em calmaria e densa vegetação marinha.


Coube aos portugueses o pioneirismo de explorar o Mar de Sargaços em meados do século XV. Ao se deparar com o local, os marinheiros acharam que haviam atingido os limites da borda do mundo e se perguntaram se ele não seria realmente chato. Temiam navegar através daquela superfície verde limosa que poderia ser o esconderijo de monstros, criaturas desconhecidas e outros terrores ocultos. As âncoras de sondagem revelaram que o mar era bastante profundo, diferente dos locais onde proliferam as algas, geralmente bem rasos. Eles temiam também que não houvesse saída e que ficassem eternamente presos naquele lugar. Superar a falta de vento sempre foi um desafio no Mar de Sargaços e em tempos no qual se dependia quase que exclusivamente do vento para impulsionar as embarcações, a calmaria do local constituía um problema considerável. Muitas tripulações precisavam remar através dele, um exercício ingrato em meio às algas que pesavam nos remos.

Os supersticiosos homens do mar acreditavam que o Sargassum era responsável por conter os navios, agarrando-se às embarcações e não permitindo que elas se movimentassem livremente. Eram como mãos invisíveis nas profundezas, agarrando e retendo os barcos. Muitos acreditavam que ficar preso no Mar de Sargaços constituía um risco mortal não apenas no sentido de se verem presos indefinidamente, mas por que alguns juravam que o lugar fazia mal para os sentidos e a própria razão. Havia algo no ambiente insalubre e coberto de algas que afetava o discernimento dos marinheiros (ou assim pensavam). Aqueles que permaneciam estagnados por mais de uma semana arriscavam sua sanidade.

Talvez não estivessem totalmente errados! O Mar de Sargaços é acometido de temperaturas altíssimas, de uma secura absoluta e de um cheiro salobro característico bastante desagradável. A decomposição das algas produz um fedor hediondo, sobretudo quando o sol está à pino. As algas também dificultam a pescaria e os animais que vivem nessas águas não são próprios para o consumo. Em resumo, você não quer estar em um lugar como esse por mais tempo que o necessário. 

Não faltam lendas sobre o Mar de Sargaços e entre os marinheiros ele é fonte quase inesgotável de histórias perturbadoras. É claro, uma das lendas mais fantásticas menciona os monstros que habitam as profundezas desse lugar ermo. São descritos como seres humanos cobertos de algas e musgos, nadando sob o tapete de Sargassum, vindo à superfície apenas para espiar por um momento ou então puxar os vivos para o fundo. Presume-se que eles sejam os espíritos de marinheiros que morreram afogados ou que enlouqueceram nesse trecho ermo do Atlântico. Também há a teoria de que eles seriam homens que enlouqueceram após beber dessas águas impuras e que cometeram suicídio. Além dos Homens de Algas, há histórias sobre serpentes marinhas, gigantescos cefalópodes e caranguejos de dimensões titânicas que devoram a carne dos homens do mar. 


Uma história supostamente real envolve o local conhecido como Horse Latitudes (Latitudes Equinas) uma área que fica entre os meridianos 30 e 35 exatamente dentro do mar. Ela recebeu esse nome  por conta de um lendário incidente envolvendo uma expedição espanhola que transportava cavalos para o Novo Mundo. Uma vez que as embarcações ficaram presas no Mar de Sargaço, a tripulação decidiu lançar os cavalos ao mar por não ter como alimentá-los. Mais de 100 animais teriam sido atirados na água e afundaram como pedras. Dizem as lendas que embarcações passando por esse trecho por vezes ouvem o som de cavalos relinchando e de animais em desespero.

Na tradição náutica, o Mar de Sargaços é o proverbial "Cemitério de Navios Perdidos” e tem sido discutido e evitado por marinheiros desde os tempos antigos.

Na ficção, a região se tornou pano de fundo de histórias sobre mistérios e horror a partir do final do século XIX com o conto In Sargasso (1896) de Julius Chambers e In the Sargasso Sea (1898) de Thomas A. Janvier. Algumas ideias sobre o Mar de Sargaços se sedimentaram em 1896 graças a Janvier que escreveu um romance dramático sobre a região, no qual descreve o mar como um emaranhado impenetrável de ervas daninhas agarradas firmemente aos restos de navios de todas as idades, de galeões espanhóis a embarcações modernas.

O tal "Emaranhado impenetrável" se tornaria uma “fronteira” sobrenatural por intermédio de William Hope Hodgson, que publicou uma coleção de contos fantásticos entre 1906 e 1920. Em “From the Tideless Sea” (1906), o narrador de Hodgson descreve os horrores de estar preso no coração do terrível Mar de Sargaços - o "Oceano Sem Marés do Atlântico Norte". O protagonista, um náufrago preso a um mastro, vê-se atordoado diante de um horizonte interminável de ervas daninhas - uma vastidão silenciosa e traiçoeira de limo hediondo!


No mundo real as coisas não são exatamente como na ficção. Não espere encontrar um cemitério de velhas embarcações agarradas às algas e cobertas por elas - essa é meramente uma invenção que para muitos se tornou um fato. Contudo, é inegável que o Mar de Sargaços constitui uma estranheza difícil de explicar e enervante de navegar. 

O local foi integrado à ficção científica no início dos anos 1930.

A identificação explícita do Mar dos Sargaços com o Continente de Atlântida começou com os trabalhos "Lendárias Ilhas do Atlântico de Babcock" (1922) e "Atlântida na America" (1925) de Lewis Spence. O autor atribui a descrição do Filósofo Platão à respeito de águas atlantes pós-cataclismo como "inavegáveis" as "águas mortas de um Mar de Algas". O vasto corpo de água abrange toda a área da ilha de Antillia de Spence, bem como a parte sul de sua Atlântida.

A conexão entre o Continente perdido e o Mar de Sargaços foi presumida pelo famoso escritor, folclorista, teórico e profeta Edgar Cayce, que mencionava em seus textos que a mítica Atlântida estaria próxima do Mar de Sargaços e que este se formou quando ela foi para as profundezas. Segundo ele, o Mar era uma prova da existência de Atlântida. 

Em palestras realizadas na década de 1930, Cayce descrevia as causas e os efeitos da destruição da Atlântida e o surgimento do Mar de Sargaços:

"Os augustos habitantes de Atlântida trouxeram à mente do homem as forças que se manifestavam pela associação mais próxima do mental e do espiritual. Eram forças científicas que lhes garantiam amplos poderes sobre o mundo que os cercava. Eles desenvolveram o uso de tecnologias notáveis: o uso dos gases, da transformação de elementos, e a elevação dos poderes do próprio sol, também empregaram a desintegração do átomo. Mas em algum momento, a tecnologia deles provocou a destruição naquela porção de terra onde viviam. E disso resultou um desastre de grandes proporções cuja evidência hoje é representada pelo Mar dos Sargaços."


Nas controversas teorias de Cayce, que encontraram enorme aceitação na década de 1930, a Civilização da Atlântida era incrivelmente avançada, com uma tecnologia superior à dos homens em seu tempo. Ele defendia que a destruição do Continente teria ocorrido em função do uso de uma tecnologia desconhecida que se mostrou perigosa. Os sobreviventes da destruição de Atlântida teriam deixado sua Ilha Submersa e se dispersado pelo mundo originando as grandes civilizações do passado - babilônios, gregos, egípcios, astecas e outras seriam seus descendentes.

Mas não foi apenas Cayce quem usou o Mar de Sargaços como base para provar teorias polêmicas. Charles Fort, o controverso criador da Investigação Paranormal Moderna (chamado por seus seguidores de "Pai do Inexplicável"), defendia a existência de um “Super-Mar de Sargaço” em seu primeiro livro, The Book of the Damned (1919). Parte reportagem, parte estudo e parte literatura especulativa, o texto de Fort era um ataque contra o que ele via como arrogância das ciências tradicionais que excluíam tudo aquilo que não podiam comprovar. Fort defendia que o "Paranormal", se colocava além da Natureza, era atuante e poderoso desde o início dos tempos e que essa força era preterida pelos cientistas apenas porque eles não podiam comprová-la.

Fort usou o Mar de Sargaços como metáfora para suas teorias. Fort acreditava na existência de um Mar Invisível que seria como um tanque de retenção extradimensional, no qual as coisas apareciam inexplicavelmente (peixes caindo do céu) e no qual coisas desapareciam inexplicavelmente (como a tripulação do Mary Celeste). 

"Objetos abandonados, lixo, cargas velhas de destroços; coisas lançadas na atmosfera, objetos dos tempos dos Alexandres, Césares e Napoleões, de Marte e Júpiter; coisas levantadas pelos ciclones desta terra: cavalos e celeiros, de elefantes a insetos; folhas de árvores atuais e folhas da era carbonífera – todas essas coisas poderiam ser tragadas pelo Super-Mar de Sargaço e despejadas de tempos em tempos em nosso mundo sem que possamos compreender como e porque tal fenômeno acontece", postulava Fort.


Quanto ao Mar de Sargaço real e físico, Fort defendia que ele era a única manifestação visível desse Super-Mar de Sargaço dimensional, muito maior e muito mais misterioso. Fort realizou palestras sobre suas teorias e obteve grande fama como pesquisador devotado e também charlatão em busca de atenção. Ele pretendia realizar uma expedição ao Mar de Sargaço que tentaria provar as suas estranhas teorias, mas esta jamais aconteceu. 

Em tempos mais recentes os desaparecimentos no Mar de Sargaços e os estranhos incidentes transcorrendo em seus limites se tornaram parte das lendas sobre OVNIs. 

Muitos ufólogos de renome descrevem o Mar de Sargaços como uma zona de grande atividade ufológica. De 1968 em diante, teóricos como Charles Berlitz passaram a designar o local como área de atividade de OVNIs e OSNIs (Objetos Submarinos Não-Identificados). Os OSNIs, aliás, se tornaram os principais avistamentos no Mar de Sargaços e fonte quase inesgotável de narrativas fantásticas. Berlitz também reintroduziu a conexão original entre o Mito de Atlântida e o Mar de Sargassos lançada por Babcock em seu primeiro livro "The Mystery of Atlantis" (1969) no qual o Mar de Algas servia como referencial para comprovar certos pontos da lenda de Atlântida. Em muitas fontes é possível encontrar uma relação direta entre o Mar de Sargaço, o Mito de Atlântida e avistamentos de OVNIs e OSNIs na região. 

O Mar de Sargaços foi quase completamente desmistificado em meados do século XX, sendo objeto de repetidos estudos científicos. Expedições conseguiram explicar o porque da formação de suas algas, as razões para as correntes se comportarem da maneira como o fazem e outras questões que deixaram os primeiros marinheiros intrigados. Além disso, o apelido de "Cemitério de Navios Perdidos” há muito foi transferido para o Triângulo das Bermudas, cujas supostas propriedades sobrenaturais continuam desafiando explicações.

Hoje, ela está longe de ser um enigma, mas ainda assim, navegar por essas águas cobertas de algas ainda causa considerável estranheza. 

Fonte:mundotentacular